A anestesia retrobulbar ou o bloqueio retrobulbar, para oftalmologia, foi uma técnica bastante difundida antigamente, sendo utilizada como primeira escolha nos casos de bloqueios locais. Hoje, porém, dada a quantidade de complicações e com o avanço da técnica peribulbar, está sendo cada vez menos realizada.

O bloqueio retrobulbar consiste na injeção do anestésico local na região retrobulbar, ou seja, atrás do globo ocular, além do equador e dentro do cone ocular. Com essa técnica, ocorre uma menor latência de instalação do bloqueio e um bloqueio motor mais eficaz, assim como um menor índice de falhas. No entanto, as complicações encontradas durante esse procedimento são mais frequentes. Com a técnica retrobulbar, ocorre o bloqueio dos pares cranianos II, III, IV e V, do gânglio ciliar, da conjuntiva, da córnea e da úvea.

Técnica :

  • Após assepsia e antissepsia do local, com paciente monitorizado com eletrocardiograma, pressão arterial média e oximetria e com punção venosa, faz-se uma sedação leve pois essa técnica costuma ser desconfortável;
  • Paciente deitado em decúbito dorsal com olhos abertos em posição neutra;
  • Após botão anestésico, traçar uma divisão imaginária da pálpebra inferior em três partes. No ponto de junção entre os dois terços internos e no terço externo da pálpebra, introduzir a agulha, afastando o globo ocular, perpendicularmente à pele, em direção para cima e para dentro, formando um ângulo de 45o com o feixe ocular até a parte posterior do globo ocular;
  • Injetar de 3-4 mL da solução anestésica escolhida;
  • Realizar uma compressão ocular leve por 10 minutos;
  • Normalmente o bloqueio se instala em 5 minutos, e a incidência de falhas é bem pequena.

Pode-se utilizar Lidocaína 2% ou Bupivacaína 0,5% ou Ropivacaína 1% na dose de 3-4 mL de solução em injeção única. Pode-se adicionar Hialuronidase na solução na dose de 15 unidades/mL de anestésico, para melhorar a latência e a qualidade do bloqueio.

Se houver falha do músculo oblíquo superior, pode-se realizar complementação na junção dos 2/3 externos com 1/3 interno da borda da pálpebra superior inj,etando 1,5 mL do anestésico local, de preferência a 1 cm de profundidade. Em caso de falha dos músculos orbiculares, pode-se fazer um reforço diretamente no músculo ou complementar com bloqueio dos ramos do nervo facial.

Cuidados :

  • O paciente deve manter o olho em posição neutra;
  • Não introduzir a agulha a mais do que 30 mm de profundidade;
  • Utilizar agulhas não cortantes com bisel curto;
  • Não cruzar a agulha durante o bloqueio no plano sagital que passa pelo eixo visual;
  • Sempre observar as contraindicações do bloqueio

Vantagens :

  • Injeção única;
  • Menos volume de anestésico;
  • Latência rápida;
  • Menor índice de falhas.

Indicações :

  • Cirurgias oftálmicas de curta duração
  • Catarata;
  • Retirada de corpo estranho intraocular;
  • Glaucoma;
  • Cirurgias de retina;
  • Cirurgias de vítreo.

Contraindicações :

  • Miopia (aumento da longitude axial do globo ocular);
  • Estafiloma;
  • Cirurgias oculares prévias;
  • Múltiplas punções;
  • Agulhas > 30 mm;
  • Uso de anticoagulantes;
  • Coagulopatias;
  • Pacientes pediátricos;
  • Recusa do paciente;
  • Pacientes não colaborativos.

Complicações :

  • Hematoma retrobulbar;
  • Injeção na bainha do nervo ótico (quando se utilizam agulhas > 35 mm);
  • Estimulação do reflexo oculocardíaco;
  • Perfuração ocular;
  • Oclusão da artéria central da retina;
  • Retinopatia de Purtscher;
  • Amaurose;
  • Complicações sistêmicas como convulsão, injeção inadvertida subaracnóidea, arritmias, parada cardíaca

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