Consulta pré-anestésica
O tempo de jejum adequado é muito importante para segurança durante o procedimento anestésico-cirúrgico. O seu cirurgião ou o anestesista lhe passará as orientações para que você fique confortável, com o menor tempo possível de jejum.
A consulta pré-anestésica é o melhor momento para esclarecer todas as dúvidas e discutir todas as opções, inclusive com a participação dos acompanhantes. Durante a consulta o paciente será examinada e, se necessário, serão solicitados alguns exames complementares.
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Avaliação pré-anestésica.
Na avaliação pré–anestésica, o médico vai avaliar sua saúde de uma maneira global, como um check-up, para conhecer seu histórico clínico, inclusive o de sua família, e avaliar os possíveis riscos relacionados ao processo. Assim, é possível ter estratégias planejadas para superar complicações que podem surgir.
Toda avaliação pré-anestésica deve incluir:
1) Anamnese, incluindo medicação em uso, alergias e comorbidades.
2) Avaliação da capacidade funcional.
3) Preditores de via aérea difícil.
O mais usado é a classificação de Mallampati, mas deve incluir outros, como abertura oral, estado dos dentes, grau de mobilidade cervical, distância tireomentoniana e esternomentoniana.
4) Exames complementares.
Não há consenso dos exames mínimos obrigatórios, mas os livros clássicos em anestesiologia trazem a recomendação expressa na lista
ANESTESIA NO PACIENTE ASMÁTICO
A asma é um problema de saúde pública que afeta 16% da população mundial. É uma doença inflamatória crônica que acomete as vias aéreas centrais e periféricas bem como o parênquima pulmonar. A inflamação acarreta um processo de injúria e reparação determinando alterações estruturais descritas como remodelamento, que incluem fibrose subepitelial, hipertrofia e hiperplasia das células mucosas e musculares lisas dos brônquios, bem como aumento da vascularização nas paredes das vias aéreas. O remodelamento é responsável pela redução fixa nos diâmetros das vias aéreas e aumento na reatividade das vias aéreas dos asmáticos, condições presentes mesmo nos pacientes assintomáticos. A hiper-reatividade cursa com broncoconstrição e hipersecreção de muco, que reduzem os fluxos ins- e expiratórios, aumentam o esforço respiratório, levam à hiperinsuflação pulmonar, alterando a mecânica pulmonar e a relação ventilação/perfusão, com impacto na morbimortalidade e na prevalência de eventos adversos durante a anestesia.
A fim de evitar complicações durante a anestesia, deve-se fazer uma avaliação pré-anestésica criteriosa, traçar estratégias profiláticas, otimizar as condições clínicas do paciente e definir a técnica anestésica mais adequada a cada caso. Na avaliação prévia do paciente asmático deve-se interrogar se o paciente já se submeteu à anestesia geral sob intubação traqueal e atentar para relatos de alergias, medicações em uso para controle dos sintomas e fatores precipitantes da asma. Relatos de infecção respiratória recente, presença de dispneia noturna ou nas primeiras horas da manhã, assim como sibilos e/ou ruídos adventícios exacerbados no exame físico inicial, são importantes sinais de alerta e sugerem a necessidade de melhor avaliação por um pneumologista. Exames complementares como gasometria arterial e provas de função pulmonar podem ser indicados. Antes da anestesia, pacientes com volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) < 80% devem estar em uso de corticosteroides regularmente. O fumo ser descontinuado a fim de reduzir os níveis de carboxihemoglobina. Na presença de hiper-reatividade da via aérea ou broncoespasmo, os agonistas β2-adrenérgicos inalatórios associados aos corticosteroides no pré-operatório melhoram a função pulmonar e minimizam o reflexo broncoconstrictor durante a intubação. A premedicação com midazolam ou diazepam é recomendável e segura para os asmáticos e uma ansiolise adequada reduz a incidência de complicações perioperatórias.
Durante a anestesia geral, com ou sem intubação traqueal, ocorre redução do tônus das vias aéreas superiores e aumento da resistência ao fluxo aéreo. A instrumentação da via aérea induz broncoconstrição mediada pelo sistema nervoso parassimpático e pela ativação dos terminais aferentes das fibras C periféricas, que liberam substância P e neurocinina A. Por esta razão, nos asmáticos a anestesia regional deve, sempre que possível, ser considerada como primeira escolha. Nos casos em que a anestesia geral seja inevitável, preconiza-se o uso de broncodilatadores e corticosteroides profilaticamente e da máscara laríngea ao invés do tubo traqueal.
Na asma, os anestésicos inalatórios possuem efeito broncodilatador direto, atenuam a reatividade das vias aéreas, a liberação de histamina e o seu efeito anti-inflamatório sobre as vias aéreas já foi demonstrado em estudos recentes. Estado de mal asmático, ou asma refratária é aquela que não responde ao tratamento convencional com oxigênio, broncodilatadores e corticosteroides, evoluindo progressivamente para insuficiência respiratória grave, necessitando internação em UTI, intubação e assistência ventilatória, por períodos superiores a 24h. Nessas situações, a administração dos anestésicos inalatórios, por curtos períodos de tempo, tem se mostrado extremamente eficaz, restabelecendo o volume corrente, a oxigenação, os parâmetros hemodinâmicos, bem como permitindo a extubação do paciente.
Dentre os anestésicos venosos, a quetamina é considerada uma boa escolha pelas suas propriedades broncodilatadoras e simpaticomiméticas, capazes de prevenir e reverter a broncoconstrição induzida pela histamina durante a intubação. Outro agente venoso comumente utilizado nos asmáticos é o propofol, pois induz menos broncoconstrição que o tiopental e o etomidato e não altera a mecânica pulmonar.
Quanto aos opioides, apesar de sabermos do seu potencial para liberar histamina, eles são considerados seguros para uso em pacientes com hiper-reatividade das vias aéreas. Os opioides têm a propriedade de suprimir o reflexo da tosse e também de possibilitar um aprofundamento do nível da anestesia, efeitos bastante desejáveis durante a anestesia de pacientes asmáticos. O fentanil e seus sucedâneos são rotineiramente empregados na indução da anestesia e podem promover rigidez torácica, que erroneamente pode vir a ser interpretada como broncoconstrição. A sua administração lenta evita a ocorrência deste efeito.
Em relação aos relaxantes musculares, vecurônio, rocurônio, cisatracúrio e pancurônio são considerados os mais seguros para uso nos indivíduos asmáticos. Excepcionalmente, atracúrio e mivacúrio também podem ser usados, mas cuidadosamente, pois estes liberam histamina de modo dose-dependente, podendo induzir broncoconstrição. A reversão do bloqueio neuromuscular nos asmáticos deve ser evitada uma vez que os agentes utilizados para esta finalidade (neostigmina e fisostigmina) podem causar bradicardia, aumentar a produção de secreção e induzir broncoespasmo.
Os anestésicos locais do tipo amida possuem a propriedade farmacológica de atenuar ou bloquear a condução nervosa e os reflexos autonômicos. Nos asmáticos, a administração de lidocaína, por via endovenosa ou inalatória (preferencialmente associada à agonista β2), é recomendada previamente à estimulação das vias aéreas (aspiração, intubação) para supressão dos reflexos da tosse e da broncoconstrição. Além disso, sabemos que anestésicos locais administrados na anestesia regional são absorvidos a partir do espaço peridural para a corrente sanguínea, acarretando os mesmos efeitos protetores descritos anteriormente, o que corrobora a vantagem da anestesia regional nos asmáticos.
No perioperatório, ao se observar qualquer dificuldade ventilatória, deve-se imediatamente descartar: obstruções no tubo (presença de secreções, dobras no tubo ou circuito), intubação seletiva, broncoaspiração, embolia, edema pulmonar e pneumotórax hipertensivo. Deve-se aprofundar o nível da anestesia administrando anestésico inalatório ou intravenoso com 100% de oxigênio e agonistas β2 inalatórios. A epinefrina intravenosa ou subcutânea é indicada nos casos de broncoespasmo grave. Corticosteroides podem ser usados, mas seus efeitos ocorrem somente após 4-8h. A aminofilina induz taquicardia e hipertensão e seu uso é contraindicado em situações agudas. Para se minimizar o risco de broncoespasmo, a extubação deve ser efetuada em plano profundo de anestesia, desde que nenhuma dificuldade de acesso às vias aéreas tenha sido identificada durante a indução da anestesia. Nos casos em que isto não seja possível, os opioides e a lidocaína podem auxiliar na atenuação dos reflexos traqueobrônquicos e laríngeos e no aumento da tolerância à presença do tubo traqueal antes que este possa, finalmente, ser removido com segurança.
O conhecimento dos mecanismos envolvidos na asma, da farmacologia e das técnicas anestésicas indicadas para uso nos asmáticos possibilita que anestesiologistas e intensivistas otimizem as condições ventilatórias desses pacientes, atenuando a hiper-reatividade da via aérea, induzindo broncodilatação e minimizando as complicações perioperatórias, tratando-as de modo eficiente, quando estas ocorrerem.
Anestesia Regional no Paciente com Doença Neurológica Preexistente
Pacientes com doença neurológica preexistente representam um desafio único para o anestesiologista que está contemplando uma técnica anestésica regional. Uma avaliação pré-operatória completa é vital para estabelecer o estado neurológico basal do paciente. Os anestesistas devem estar cientes dos fatores de risco para complicações neurológicas pós-operatórias durante a seleção de candidatos adequados para um bloqueio central ou periférico e adaptar sua técnica para minimizar esses riscos o máximo possível. Embora a maioria dos distúrbios neurológicos preexistentes não sejam contraindicações absolutas à anestesia regional, a decisão de prosseguir com uma técnica regional deve ser tomada individualmente, caso a caso, pois pacientes selecionados podem se beneficiar de uma técnica anestésica regional em comparação com outros anestésicos. ou opções analgésicas.
Anestesia Geral na Cirurgia Pediátrica
Como é realizada a anestesia?
A anestesia geral começa com uma punção venosa para injeção dos anestésicos, ou com a inalação do anestésico por uma máscara facial. Ambas as técnicas são seguras e devem ser discutidas previamente com os pais e, se possível, com a criança também, para definirmos a melhor opção.
Mesmo que a opção para iniciar a anestesia seja a inalatória, todas as crianças serão puncionadas, geralmente uma veia da mão ou do braço, onde será instalado um soro fisiológico. O soro é utilizado para injeção de outros anestésicos, dos antibióticos quando necessários, e das medicações para dor e enjoo.
O anestesista é um médico especialista em anestesia e ficará durante todo o procedimento cuidando dos sinais vitais do paciente: frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura e ritmo do coração, além de outros dados.
A anestesia é um processo contínuo e de acordo com a cirurgia. Isso significa que a anestesia não vai acabar antes da cirurgia. A criança fica anestesiada o tempo necessário para o procedimento. Ao término, os anestésicos serão “desligados” e o efeito termina suavemente.
Técnicas combinadas
Dependendo do tipo de cirurgia, o anestesista pode sugerir a combinação da anestesia geral com os bloqueios de nervos. Os bloqueios são amplamente utilizados na anestesia pediátrica, são seguros e proporcionam a realização da anestesia geral mais “leve”, com um despertar mais suave e confortável para criança.
Depois que a criança estiver dormindo anestesiada, uma pequena quantidade de anestésico local será injetada próximo do nervo, anestesiando apenas a região que inerva o local da cirurgia.
Outros bloqueios, como os realizados na coluna vertebral, podem ser combinados com a anestesia geral, mas são reservados para os procedimentos de maior porte e cirurgias mais complexas. É importante ficar claro que todos os bloqueios só serão realizados após o consentimento dos pais e das crianças com idade para opinar.
Recuperação e Reações alérgicas
Ao término da cirurgia, todos os pacientes vão para a sala de recuperação. Este é o local onde a criança continua monitorizada e tem uma equipe especializada para ajudar na recuperação da anestesia – até que a criança esteja totalmente acordada e confortável para ser liberada para enfermaria ou ter alta para casa.
As reações alérgicas aos anestésicos e a outras medicações durante a cirurgia são eventos extremamente raros. Em todos os grandes hospitais de cirurgia pediátrica, nenhum teste para alergia é realizado previamente. Caso ocorra qualquer reação alérgica, a criança estará monitorizada, com acesso venoso para administração dos medicamentos necessários e o anestesista é um especialista que está treinado e pronto para diagnosticar e tratar qualquer tipo de alergia.
Converse com o seu filho
Não se esqueçam que as crianças e até os adolescentes têm os pais como referência. Se os pais estão calmos, a criança também ficará calma. É importante que a criança entenda por que ela está indo ao hospital. Use palavras conhecidas e um discurso encorajador. As crianças maiores ficam mais confortáveis quando participam das decisões.
O melhor momento para começar a conversar com seu filho sobre a cirurgia depende da idade e isso pode ser discutido com seu cirurgião. Deixe bem claro que quando ela voltar do centro cirúrgico, vocês estarão esperando por ela. E para os adolescentes, que eles serão respeitados e não ficarão expostos e despidos sem necessidade.
O risco de um procedimento anestésico-cirúrgico sempre vai existir, mas uma equipe treinada, num ambiente seguro e com bons equipamentos fazem esse risco ser o menor possível.
Cirurgião e anestesista fazem parte da equipe cirúrgica, um bom cirurgião terá sempre ao seu lado, um bom anestesista.
Saúde materna
Os tipos de anestesia possíveis para um parto são:
- Raquianestesia: anestesia aplicada na coluna e geralmente usada para cesariana, situação em que ela retira a sensibilidade da parte inferior do abdome e das pernas, com duração de aproximadamente 3 ou 4 horas. Pode ser usada também em parto normal, com dose menor de medicação, para alívio imediato da dor; neste caso a sensibilidade tátil e das contrações é mantida, com redução apenas do processo doloroso;
- Peridural: também aplicada nas costas, seu uso é mais comum em parto normal. Como a raquidiana tem efeito passageiro e o parto pode demorar, esta anestesia permite a manutenção de um cateter no espaço peridural da coluna, por onde se injeta anestésico em quantidade e intervalo ditados pelo processo doloroso, ou seja, se a dor piorar, injeta-se mais um pouco de medicação;
- Duplo bloqueio: a combinação das modalidades anestésicas citadas anteriormente;
- Anestesia geral: rara em partos, usada apenas em casos de emergência extrema. Ela é endovenosa e deixa a paciente desacordada. Somente é usada se for preciso efeito anestésico imediato.
Converse com o médico anestesista na hora do trabalho de parto e ele lhe indicará a melhor técnica dependendo de sua situação.
Pequena cirurgia
A anestesia local promove bloqueio da sensibilidade em determinada região do corpo por meio do uso de medicações chamadas de anestésico local. O uso pode ser tópico (gel, spray ou pomadas) ou por infiltração (injeção da medicação na pele e subcutâneo). Ela é um tipo de anestesia administrada por médicos de diversas especialidades e odontologistas.
A anestesia local não priva a consciência do indivíduo, sendo comumente utilizada em procedimentos pequenos e superficiais.
Como age a anestesia local?
A anestesia local é um método anestésico que tem como intuito bloquear reversivelmente as terminações nervosas de determinada região, mantendo o indivíduo em pleno estado de consciência. A metodologia bloqueia os receptores para dor em regiões mais superficiais, impedindo o envio dos sinais de dor para o cérebro.
Essa anestesia pode ser combinada a outros tipos de anestesias, como a sedação e anestesia geral, com o intuito de minimizar o incômodo doloroso da sua infiltração na pele e subcutâneo e permitir que o paciente fique mais confortável durante o procedimento cirúrgico.
Ela também é utilizada para auxiliar no controle da dor após o procedimento cirúrgico.
Quando a anestesia local é indicada?
Diversos procedimentos médicos de pequeno porte e superficiais, estéticos e até mesmo dentários podem se beneficiar do uso da anestesia local.
A anestesia local é utilizada frequentemente pelos anestesistas para fazer um botão anestésico na pele antes de realizar a anestesia peridural ou raquianestesia, uma vez que as agulhas desses procedimentos são mais calibrosas e consequentemente o paciente sente mais dor quando a pele é perfurada e não está anestesiada.
Quando há a necessidade de entubar um paciente acordado ou durante a realização de procedimentos endoscópicos, é usado um spray e gel anestésico na boca e garganta do paciente, tornando o procedimento menos doloroso e diminuindo os reflexos do paciente.
Limitações do uso
Há um limite da quantidade de anestésico local que pode ser administrado, ou seja, quando a dose segura de administração é atingida não se deve continuar o seu uso devido a toxicidade sistêmica da medicação.
Tecidos com inflamação e infecção impedem a ação efetiva da medicação por alteraram o pH do local, portanto a anestesia local pode não bloquear adequadamente a região.
Outro fator limitante é que embora ela impeça que o paciente sinta dor, ela não bloqueia a sensação de manuseio no local. Isso para alguns pacientes pode ser extremamente desconfortável. Neste caso pode vir ser necessária uma sedação leve para minimizar o desconforto do paciente ao longo do procedimento.
Riscos da Anestesia Local
Processos alérgicos ao anestésico local são extremamente raros.
Quando o anestésico local é administrado nos tecidos, ele é absorvido pelo sistema circulatório e age nos outros sistemas do organismo. Devido essa ação sistêmica existe uma dose máxima segura baseada no peso do paciente.
A intoxicação é a complicação mais temida e pode levar o indivíduo à distúrbios cardíacos e neurológicos. Alguns sinais premonitórios indicam esse efeito tóxico como gosto metálico na boca, distúrbios visuais e auditivos. Distúrbio na fala, tremores, convulsões, parada respiratória e cardíaca são os efeitos esperados quando o indivíduo recebe uma dose exacerbada de anestésico local.
Benefícios do uso
O principal benefício quando não associado a outras técnicas anestésicas é que os pacientes não necessitam de jejum e podem retomar as suas atividades em seguida ao seu uso.
Informações importantes para o paciente
Compromissos
Não omitir informações ou uso de medicamentos.
Prescrições
Cancelamentos
Confidencialidade
O Código de ética médica é muito claro quando diz que é vedado ao médico “revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente”. O sigilo profissional, chamado também de confidencialidade, é uma obrigação ética do médico e garantia do paciente de que as informações fornecidas no momento do atendimento de saúde sejam mantidas em sigilo, independentemente do teor, da área de atuação do profissional e da condição do paciente, incluindo informações obtidas de menores de idade.