A cateterização venosa durante o procedimento anestésico cirúrgico tem como finalidade a manutenção de uma via de infusão de medicamentos ou soluções. Pode ser realizada tanto em acessos periféricos como em profundos, dependendo de seu objetivo.

Mecanismo :

  • Periféricas: As mais rotineiramente utilizadas, em que se canalizam acessos venosos superficiais para hidratação e medicamentos;
  • Profundas: Em casos de pacientes mais críticos, com difícil acesso periférico ou com necessidade de monitorização invasiva ou medicações específicas. As punções profundas apresentam especificações que dependem do local e da anatomia, porém seguem alguns mecanismos comuns, como a técnica de Seldinger para a obtenção do acesso.

Técnica de Seldinger (cateter sobre o fio-guia):

  1. Identificação do local da punção e introdução da agulha com leve pressão.
  2. Ao alcançar a veia, desconexão da seringa e oclusão do orifício da agulha com o dedo.
  3. Introdução do fio guia por dentro da agulha.
  4. Remoção da agulha mantendo o fio guia inserido.
  5. Introdução do dilatador sobre o fio guia.
  6. Remoção do dilatador e introdução do cateter.
  7. Após teste de refluxo, remoção do fio guia e conexão ao equipo com SF 0,9%.
  8. Fixação do cateter na pele com sutura.
  9. Solicitação de radiografia para confirmação de punção.

Técnicas :

A técnica escolhida dependerá da situação clínica de cada paciente e da escolha do profissional anestesista.

Punção Venosa Periférica

Rotineiramente, utilizada como único acesso na maioria das cirurgias. Mesmo nas cirurgias que necessitem de um acesso central, deve-se ter sempre um acesso periférico disponível, se possível. Não há contraindicações para a punção periférica.

  • Praticidade e aprendizado fácil e baixo risco de complicações imediatas;
  • As complicações são raras e se limitam a hematomas locais e trombose ou flebite.
  • A anatomia do local puncionado pode apresentar muita mobilidade, dificultando a manutenção do acesso por um longo período;
  • Em casos de choque, os acessos tornam-se mais difíceis pela vasoconstrição periférica;
  • Esse acesso não é indicado para determinadas infusões, como soluções hipertônicas, aminas e alimentação parenteral.

Punção Venosa Central

Sempre realizada com técnicas de assepsia e antissepsia. Atualmente, o uso de ultrassom facilita a realização da técnica. Sempre que possível, realizar uma sedação caso o paciente não esteja sob anestesia geral e explicar o motivo e a técnica.

Normalmente, é realizada através da veia jugular interna (VJI), subclávia ou femoral. Sendo a VJI direita a via mais utilizada.

  1. Após assepsia e antissepsia, colocar o paciente em posição adequada: Trendelenburg e com a cabeça virada para o lado oposto ao da punção.
  2. Localizar o espaço da punção por parâmetros anatômicos (ápice do triângulo de Sedillot formado pela cabeça esternal e clavicular do músculo esternocleidomastóideo) ou por ultrassom.
  3. Realizar botão anestésico caso o paciente esteja acordado e introduzir a agulha acoplada a uma seringa com solução salina em um ângulo de 30 graus em relação à pele, apontando para o mamilo ipsilateral.
  4. Após puncionar a veia, inserir o fio guia para dentro do vaso; o fio deve progredir sem nenhuma resistência.
  5. Vestir o fio guia com o dilatador venoso, empurrar todo o conjunto para dentro da veia e remover o dilatador.
  6. Vestir o fio guia com o cateter para dentro do vaso e retirar o fio guia.
  7. Realizar o teste do refluxo de sangue com seringa de 20 ml, fixar o cateter na pele e realizar curativo.

Veia subclávia:  Um dos acessos venosos profundos mais utilizados e difundidos na prática em unidades de terapia intensiva (UTIs), e blocos cirúrgicos.

No entanto, nos procedimentos anestésicos, não é muito utilizada pelo risco de pneumotórax, principalmente em pacientes submetidos à ventilação mecânica.

Em estados hipovolêmicos, é uma excelente escolha, pois a veia subclávia não colaba como a veia jugular interna.

Pode ser realizada pela via infraclavicular (de preferência ) ou supraclavicular.

  1. Após assepsia e antissepsia, colocar o paciente em discreta posição deTrendelenburg, com a cabeça um pouco fletida para o lado oposto ao da punção e um coxim interescapular para ressaltar a região infraclavicular, caso opte por essa via.
  2. Introduzir a agulha de punção acoplada a uma seringa com solução salina rente à borda inferior da clavícula, na região medioclavicular, em direção à fúrcula esternal.
  3. Após puncionar a veia, inserir o fio guia para dentro do vaso; o fio deve progredir sem nenhuma resistência.
  4. Vestir o fio guia com o dilatador venoso e empurrar todo o conjunto para dentro da veia e remover o dilatador.
  5. Vestir o fio guia com o cateter para dentro do vaso e retirar o fio guia.
  6. Realizar o teste do refluxo de sangue com seringa de 20 ml, fixar o cateter na pele e realizar curativo.

Veia femoral: A veia femoral corre medialmente ao lado da artéria femoral, na região inguinal. O acesso venoso femoral apesar de ser um acesso fácil e rápido é o menos utilizado e menos indicado, principalmente pelo alto índice de trombose e infecções, pois é um local úmido e contaminado.

Sua utilização é mais frequente em situações de emergência, como parada cardíaca sem outro acesso disponível e reposição volêmica em politraumatizados.

  1. Utilizando-se as mesmas técnicas de assepsia e antissepsia descritas para as outras punções, coloca-se o membro em abdução e a punção é realizada em um ângulo de 45º em relação à pele, medialmente à artéria femoral.
  2. Após puncionar a veia, realizar os mesmos passos das punções anteriores.

Indicações :

  • Acesso para infusões de soluções irritantes ou cáusticas;
  • Monitorização hemodinâmica invasiva;
  • Acesso vascular de longo prazo;
  • Reposição rápida de fluidos ou sangue;
  • Opção para acessos venosos periféricos ruins;
  • Estimulação cardíaca temporária artificial.

Contraindicações :

  • Endarterectomia de carótida ipsilateral e tumores cervicais para punção de VJI;
  • Discrasias sanguíneas ou anticoagulação terapêutica;
  • Infecções locais;
  • Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou enfisema e traumas de clavícula para punção de subclávia.

Complicações :

  • Pneumotórax;
  • Hemotórax;
  • Quilotórax; ( apenas lado esquerdo )
  • Hematomas;
  • Sangramento;
  • Punção arterial inadvertida;
  • Punção traqueal inadvertida;
  • Trombose;
  • Flebite;
  • Lesão cardíaca pelo cateter;
  • Arritmias;
  • Lesão nervosa;
  • Fístula arteriovenosa;
  • Sepse.

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